
O rotativo do cartão de crédito, conhecido por taxas altíssimas, transformou-se num terreno de risco crescente. Em 2025, mais da metade dos consumidores que usaram o crédito rotativo estavam inadimplentes. A explosão de calotes no rotativo do cartão de crédito afeta diretamente a sustentabilidade das financeiras, que precisam reavaliar seus modelos de concessão.
Esse cenário exige respostas imediatas. Neste conteúdo, vamos destrinchar as causas da inadimplência explosiva no rotativo, seu impacto nas instituições financeiras e quais tecnologias estão sendo usadas para mitigar perdas e antecipar riscos ocultos.
O que é o crédito rotativo e por que ele se tornou um problema estrutural
O crédito rotativo é acionado quando o cliente paga menos que o valor total da fatura do cartão. O saldo restante entra automaticamente em um novo financiamento com uma das maiores taxas de juros do país — chegando a 440% ao ano em 2023.
As principais causas da inadimplência no rotativo
1. Renda comprometida das famílias
Em 2025, cerca de 27% da renda disponível das famílias já estava comprometida com dívidas, segundo o Banco Central. Isso limita a capacidade de honrar novos compromissos financeiros, como o pagamento integral da fatura do cartão. A falta de espaço orçamentário agrava o ciclo de endividamento — especialmente em contextos de inflação alta e informalidade no mercado de trabalho.
2. Juros desproporcionais ao risco real
Os juros do rotativo ultrapassaram os 400% a.a. como resposta a calotes recorrentes. No entanto, essa estratégia criou um efeito perverso: quanto maior o juro, menor a chance de o cliente conseguir sair da dívida. O sistema se autorreforça negativamente, elevando inadimplência mesmo em clientes de risco médio.
3. Concessão baseada apenas em score superficial
Muitos emissores ainda utilizam modelos de crédito genéricos baseados em score de mercado, sem considerar padrões comportamentais, histórico de consumo em múltiplos canais ou vínculos de risco indireto (como co-ocorrência em inadimplência familiar). Isso reduz a precisão na filtragem de risco e aprova perfis com alto potencial de inadimplência silenciosa.
4. Falta de análise de conduta do consumidor
A análise de conduta — que considera alterações recentes no comportamento financeiro, vínculos com empresas de risco, movimentações atípicas e padrões suspeitos de uso do cartão — ainda é subutilizada. Sem essa camada, é impossível detectar riscos invisíveis no momento da concessão.
5. Baixa educação financeira e ausência de avisos de alerta
O rotativo frequentemente é acionado sem que o consumidor compreenda totalmente suas implicações. Plataformas que não alertam em tempo real sobre a entrada no rotativo ou não oferecem opções de parcelamento imediato contribuem para a perpetuação do problema.
Impactos diretos da explosão de calotes no rotativo nas financeiras
Margens comprimidas e necessidade de provisões bilionárias
O aumento da inadimplência no rotativo (54,5% em 2025) levou financeiras a reforçarem drasticamente as provisões para perdas. Isso comprometeu margens operacionais e exigiu aportes adicionais de capital.
Elevação do custo do crédito e retração da carteira
Para precificar o risco, financeiras elevaram os juros — o que, por sua vez, reduziu a demanda. Isso criou um ciclo de retração da carteira, com menos clientes qualificados e mais seletividade, afetando o crescimento do setor.
Aumento da pressão regulatória
O Banco Central e entidades como Febraban passaram a monitorar com mais rigor as carteiras de crédito rotativo. Há expectativa de mudanças regulatórias para limitar o prazo de permanência no rotativo e incentivar o parcelamento automático, como proposto em projetos de lei e diretrizes em análise pública.
Como mitigar perdas com tecnologia e inteligência preditiva
1. Análise de conduta com dados proprietários
Modelos que avaliam o comportamento recente de consumidores — como alterações em dados cadastrais, movimentações fora do padrão ou conexões com CPFs inadimplentes — oferecem uma visão preditiva mais precisa. Diferente do score tradicional, esse tipo de análise antecipa o risco antes da inadimplência acontecer.
2. Monitoramento contínuo de risco de crédito
Apenas a análise no momento da concessão é insuficiente. O monitoramento contínuo permite que a financeira atue preventivamente diante de alterações no risco de clientes ativos, oferecendo renegociação ou bloqueios parciais antes do calote.
3. Integração de múltiplas fontes de informação em tempo real
Dados de cartórios, redes de relacionamento empresarial, histórico judicial, sinais de fraude e comportamento de consumo devem ser combinados em tempo real para avaliar a confiabilidade de cada operação. Isso reduz drasticamente as concessões arriscadas.
4. Modelos preditivos baseados em IA
Soluções baseadas em machine learning identificam padrões de risco que humanos ou regras manuais não detectam. Ao treinar modelos com grandes volumes de dados históricos e atuais, é possível prever calotes com semanas de antecedência — inclusive com risco indireto.
5. Detecção de vínculos ocultos com fraudadores e empresas de risco
Tecnologias antifraude modernas identificam relações de proximidade com CPFs ou CNPJs com histórico problemático. Mesmo que um cliente não tenha inadimplência direta, vínculos com terceiros de alto risco devem ser considerados no momento da concessão e durante o ciclo de vida do crédito.
Conclusão
A explosão de calotes no rotativo do cartão de crédito não é um acidente. É a consequência de um sistema que negligenciou a conduta do consumidor, baseou-se em scores superficiais e não reagiu a tempo aos sinais de saturação da renda familiar.
Para as financeiras, sobreviver a esse cenário exige muito mais que ajustes de juros. Exige inteligência, velocidade e automação. A análise de conduta e a integração de múltiplas camadas de dados são as únicas estratégias viáveis para reduzir inadimplência e preservar margens.
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Perguntas Frequentes
1. Por que os juros do cartão rotativo são tão altos no Brasil?
Porque o nível de inadimplência é extremamente elevado. Para compensar o risco, as instituições financeiras aumentam os juros cobrados — o que, paradoxalmente, amplia a inadimplência.
2. Qual a diferença entre rotativo e parcelamento da fatura?
O rotativo é acionado automaticamente quando o valor mínimo é pago. Já o parcelamento permite reorganizar a dívida com juros menores e prazos definidos.
3. O que causa a inadimplência no cartão de crédito?
Fatores como perda de renda, juros abusivos, falta de controle financeiro e ausência de análise de risco efetiva são os principais causadores.
4. Tecnologia realmente pode reduzir a inadimplência?
Sim, desde que seja usada para prever comportamentos de risco e não apenas para classificar perfis com base em histórico superficial.
5. Como as financeiras podem melhorar seus modelos de crédito?
Integrando dados de múltiplas fontes, adotando análise de conduta em tempo real e implementando algoritmos de previsão de risco.